Blog Babih Vanzella

Um espaço acolhedor, inspiracional e reflexivo

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Ser vulnerável nos aproxima

o que o mito do centauro ferido ensina sobre as nossas dores

Na mitologia grega existem muitos mitos mas somente um deles é o meu mito preferido: o mito de Quíron.

Quíron era filho do Deus do Tempo, também conhecido como Chronus ou Saturno. Mas um filho extra-conjugal. Reza a lenda que Saturno teria sido pego no flagra traindo a esposa com a mãe do Quíron, a Fílira, que era filha de Oceano, e teria fugido covardemente no meio do rolê metamorfoseado num garanhão, um cavalo. (Os deuses tinham esses poderes, caso você não esteja muito familiarizado com a mitologia).

O produto dessa união de Fílira com Saturno metamorfoseado foi o primeiro dos centauros: Quíron era metade humano e metade cavalo! Quando viu que tinha dado a luz a um ser assim diferente, Fílira, envergonhada, decidiu abandonar o Quiron no Monte Pelion, onde ficavam as escolas da Grécia. Ele então foi criado por professores nessa vibe super intelectual e se tornou um sábio conhecedor de muitos assuntos e conselheiro dos Deuses.

Mas o que isso tem a ver com as nossas vulnerabilidades?

Tem a ver, que por acidente durante uma briga entre alguns deuses que não tinha nada a ver com ele, nosso querido Quíron foi atingido na perna por uma flechada contaminada com um veneno mortal. Sendo filho de um Deus, Quíron era imortal. Portanto a flecha envenenada não podia matá-lo. Mas sendo um veneno mortal, ele também nunca mais conseguiria se curar daquele ferimento. E é aqui que começa a nossa história.

Foi a partir dessa ferida que não curava mas que também não matava, que Quíron passou a se dedicar profundamente ao estudo de plantas, de ervas e de toda e qualquer possibilidade que pudesse amenizar a dor incurável que ele carregava. Nesse processo, descobriu ervas medicinais, desenvolveu remédios naturais e se tornou um grande curandeiro, o precursor dos médicos na mitologia. A partir da busca determinada por curar a própria dor, Quíron ajudou por tabela a salvar muitas vidas.

Pode um mito mais maravilhoso? ❤

Por isso Quíron, na Astrologia, representa a dor que todo mundo carrega na vida. Uma dor que não mata, mas que também não cura, assim como a ferida do centauro na mitologia. Em outras palavras, representa onde e como somos vulneráveis.

A má notícia é que todo mundo tem Quíron no Mapa Astral. A boa notícia é que todo mundo tem Quíron no Mapa Astral! Ou seja: todo mundo, todas as pessoas, mesmo aquelas que não demonstram, têm aquele lugarzinho onde o calo aperta. Onde é mais difícil se sentir realizado. Onde se sentem inseguras, incapazes, insatisfeitas, envergonhadas de si mesmas. Todo mundo tem uma vulnerabilidade.

Fica difícil falar em vulnerabilidades sem esbarrar na musa da vulnerabilidade, Brenè Brown, a pesquisadora norteamericana que se dedicou profundamente ao tema e publicou diversos conteúdos falados e escritos sobre a coragem de sermos imperfeitos.

Nas suas pesquisas, Brenè Brown constatou, basicamente, algo que a astrologia conhecia por outros meios: ela constatou que todo mundo carrega um Quíron dentro de si e que é essa ferida incurável que nos aproxima. Ela representa a nossa humanidade! Um ponto de conexão entre as pessoas. Algo capaz de nos aproximar mais do que qualquer outro aspecto que tenhamos em comum. Brenè observou que existe muito poder nas nossas fraquezas! E também que as pessoas lidam de jeitos bem diferentes com os seus quírons, com as suas vulnerabilidades. E a partir das pesquisas que ela fez e da própria experiência, percebeu que quanto mais a gente abraçar, acolher as nossas imperfeições, mais nos sentimos pertencentes e integrados ao mundo e mais conseguimos expressar a nossa luz!

Ela também observou através das suas pesquisas que é preciso coragem para ser imperfeito. E, principalmente, que é preciso coragem pra deixar de lado a imagem da pessoa que eu deveria ser, pra aceitar a pessoa que eu realmente sou.

É explorando a nossa escuridão que descobrimos o poder infinito da nossa própria luz! Dito de outro modo, é encarando as nossas feridas e abraçando a nossa imperfeição que podemos encontrar tesouros valiosos. Branè também é muito certeira quando afirma que é preciso uma mudança cultural que incentive e permita que as pessoas sejam mais corajosas, ou seja, que as pessoas sejam incentivadas a agir a partir do seu coração! E o coração é esse lugar de verdade, de centro, que concentra a nossa totalidade, não só aquilo que é bonitinho. Mas também — e principalmente — aquilo que não.

Brenè reparou que temos a tendência de olhar para a vulnerabilidade do outro como um ato de coragem desse outro. Ao mesmo tempo que olhamos para a nossa própria vulnerabilidade como uma fraqueza. Se você me permite, um baita desperdício de potencial. Essa inadequação que sentimos e que pode aparecer fantasiada de medo, incapacidade, vergonha ou angústia, para citar exemplos, não é um espaço confortável. Dói reconhecer que não somos seres perfeitos e que não somos exemplares em tudo. Mas como diz Brenè Brown,

“Assumir a nossa história pode ser difícil, mas não tão difícil como passarmos nossas vidas fugindo dela. Abraçar nossa vulnerabilidade é arriscado, mas não tão perigoso quanto desistir do amor, do pertencimento e da alegria.”

Porque conforme as suas pesquisas, esse lugar de dor e inadequação, que é uma espécie de centro da vergonha, do medo e da nossa luta por merecimento, parece ser também a origem da alegria, da criatividade, do pertencimento, do amor.

Nossas vulnerabilidades não apenas não nos matam, como também têm o poder de nos lembrar que estamos vivos! E elas se manifestam de diferentes formas pra cada pessoa. Pode ser uma insatisfação em relação às conquistas materiais, uma crença limitante que o impede de prosperar financeiramente, uma ferida emocional, uma limitação física, uma timidez que dificulta o seu progresso profissional, um sentimento de inferioridade.

Quíron pode marcar um trauma real que aconteceu na vida e mudou toda a sua história, como um abuso na infância ou mesmo a perda precoce de um dos pais. Pode marcar uma castração na autoexpressão que fez você acreditar que não tem nenhum valor, que o que você pensa e diz não serve pra nada.

Pode sinalizar uma dificuldade de expressar as ideias com clareza ou mesmo uma sensação de improdutividade, como se nada do que você fizesse ou produzisse fosse suficiente. Pode ter a ver com uma vergonha relacionada ao seu corpo, à sua imagem; com um bloqueio sexual ou mesmo pode ser uma dificuldade na forma de demonstrar e receber afeto: uma falta afetiva. Pra cada pessoa essa dor se manifesta de formas diferentes. Pra cada pessoa, portanto, o caminho e as ferramentas pra amenizar essa dor e tornar ela possível de conviver é diferente! O que não é diferente é o fato de que cada um de nós tem o seu próprio Quíron.

Assim como esse centauro, a gente pode aprender a amenizar a nossa dor e tornar ela menos dolorida de forma que ela não nos impeça de viver a plenitude da nossa experiência. E geralmente isso implica também em ajudarmos outras pessoas durante esse processo, nem que seja por uma simples consequência da nossa própria busca. De tanto procurar uma cura para a sua ferida, Quíron se tornou um curandeiro, um médico, lembra? E todos temos esse potencial de transformar as nossas fraquezas em matéria prima para ajudar o mundo, para ajudar alguém. Quer exemplos? Tenho alguns, mas prefiro começar pelo meu.

Quíron pra mim é uma dificuldade relacionada à comunicação. É uma limitação no plano das ideias, no plano mental, que me deixa com a sensação permanente de que eu não sei me comunicar falando. Tenho extrema dificuldade em transmitir uma mensagem em público e mesmo em me enxergar falando. Apresentar trabalhos fosse na fase da escola ou das faculdades que eu cursei foi sempre um filme de terror. Preciso estudar profundamente algum assunto antes de me sentir minimamente confortável pra falar um pouquinho sobre ele em voz alta. E não importa o quanto eu domine um assunto, o quanto eu tenha estudado incansavelmente, na hora de expressar ele em voz alta, sai tudo embaralhado e eu termino inevitavelmente com a sensação de não ter dado o meu melhor. E saio geralmente frustrada. Ainda que os resultados possam me provar o contrário.

“Ah, Babih, mas e os podcasts? E os stories que eu vejo vc postando no instagram?” Pois é. Tudo isso nada mais é do que eu encarando meu quíron de frente, abraçando a minha vulnerabilidade e aceitando as minhas imperfeições. É porque isso dói em mim e eu estou buscando formas e ferramentas pra amenizar essa insatisfação que você teve contato com essa história bonita que eu acabei de te contar. Se é possível pra mim, é possível pra você também. Fala sobre as suas vulnerabilidades, conversa sobre as suas fraquezas, olha pra elas como pontos de força, como potências! Como transformar aquilo que dói em algo bonito? Como transformar a tua limitação, a tua inadequação em algo que possa ajudar ou inspirar pessoas?

Assim como a gente trouxe pra essa vida algumas fragilidades, também trouxemos uma linda caixa de ferramentas que podemos chamar de talentos. Se você conseguir juntar as duas coisas, pode se surpreender com a quantidade de cores com as quais é possível colorir a sua vida. Vamos juntos! ❤

Prazer, Babih Vanzella

Sou astróloga e escritora. Minha missão é te auxiliar a despertar para as próprias potencialidades e te fazer ser capaz de tomar decisões e fazer escolhas muito mais alinhadas com a sua própria natureza e com o fluxo do Universo.

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